domingo, 6 de julho de 2014

Mulher de fases



Tem uma aura de mistérios nos trinta anos. Dizem que é a época mais bonita da mulher, onde mais nos tornamos seguras e, como eu precisava desse salto!  Quanto mais se aproxima, melhor me sinto. Me sinto mais segura profissionalmente, sei que sou boa no que faço, tanto quando me é possível com minhas condições de trabalho (que estão longes das ideais, obviamente, porque falamos de Brasil e Educação).
Me sinto menos em crise quando me olho no espelho. Uau! A repercussão da foto de uma garotinha de 10, 11 anos, porque tem uma beleza fora do padrão, no facebook me deixou pensativa. É claro que tem muita gente imbecil no mundo. Isso já é ser redundante, mas as críticas que convivemos na escola... Caramba! São cruéis!
Sim, porque ninguém nunca é bom, bonito ou inteligente o suficiente, sempre tem alguém parar rir ou apontar algo em você que até então estava escondido. Isso define, em geral negativamente, a autoestima dx adolescente em construção. É cruel que uma pessoa cresça com uma visão distorcida de si mesmo e lá se vão anos de ‘selfies’, terapia, roupas super bonitas, maquiagens, tratamentos de beleza e estática pra mudarmos de ideia. Não vou me aprofundar no se funciona ou não, quero mencionar o que geralmente recorremos.
Buscamos auxílio para nos sentir confortáveis conosco. Não é estranho que precisemos de tanta ajuda externa pra nos sentirmos bem?
Ser mulher é uma arte que se aperfeiçoa com o tempo, bem diz Simone que “não se nasce mulher, torna-se”. Trinta anos é isso: se tornar.
Não a mulher que todos querem que você seja. Sim, porque não nos faltam pessoas para dizer como devemos ser. Comportadas, fogosas, complicadas, culpadas, que tipo de mãe, profissional, esposa ou namorada seremos. Mas nos tornamos a mulher que somos: eu de fato gosto de trabalhar? Então o farei. Eu de fato gosto de sexo? Então não mentirei sobre.
Nada é tão simples, nossas escolhas eventualmente afetam outras pessoas, mas elas deixam de ser nossa primeira preocupação. Sim, eu admito era assim: me preocupada muitíssimo com o que as pessoas achariam de determinada coisa que eu faria. E isso sempre era confuso, porque as diferentes pessoas esperavam de mim coisas diferentes. E aí? Me sentia quase sempre uma agente dupla.
Os trinta anos te preparam mais para saber lidar com a expectativa do outro. O brasileiro: ligar o foda-se, sabe? E se sou livre para escolher, dou menos justificativas. Ainda tem na vida alguns companheiros de caminhada, que gostamos que compreendam nossos caminhos, mas não é mais uma cobrança exagerada.
Não virei mulher maravilha nem nada do tipo, só abri mão de agradar gregos, troianos, flamenguistas e vilanovenses e me coloquei em lugar de destaque: Olá, o que penso/sonho/sinto/desejo/espero também conta!

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